quarta-feira, 1 de julho de 2009

Janelas

Que as cortinas dos meus olhos fechem
Todas as janelas
Uma a uma
Uma porção delas
Coloridas, pequenas, grandes ou decoradas
Encerrem o espetáculo
Fechem a cortina!

Sufoco um grito de silêncio
A inoscência escapou pelos vãos
A dor arrasta-se sob o chão dos sonhos
Sem cor, sem gosto
Insípido sorriso, abre-se mais uma janela
Afoga a canção

Fotografias
Rostos espalhados num globo infeliz
Esconde-se os rosto do nariz
Ou curte todas penduradas
Albúm retrós, costuras de solidão
Atrás daquelas malditas janelas

Quero uma vida sem rede
Sem janelas
Sem paredes
Quero, mãos, braços, pernas e canções
Desenhar no vidro suado o amor

O velho papel
Testemunha molhada
Ouve calado o que não se escuta
Um coração solto, sozinho
Um lugar qualquer
Sem janelas!

Renata Assunção